Cooperação Brasil-Canadá fortalece soluções para resiliência hídrica
- SACRE

- 14 de nov.
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Pesquisadores da Universidade de Waterloo visitam o Projeto SACRE e reforçam parceria científica na gestão de águas subterrâneas
Isabela Batistella

Entre os dias 15 e 17 de outubro, o Projeto SACRE | Soluções Integradas de Água para Cidades Resilientes recebeu uma comitiva do Water Institute da Universidade de Waterloo (Canadá), parceira institucional do projeto. A visita reuniu pesquisadores das duas instituições em atividades de campo e discussões técnicas voltadas à busca de soluções conjuntas para os desafios enfrentados por cidades em situação de estresse hídrico.
O Water Institute é um dos centros mais avançados do mundo na pesquisa de recursos hídricos. Reúne cientistas de diferentes áreas, promove inovação aplicada e mantém cooperações internacionais robustas para enfrentar problemas como contaminação de aquíferos, gestão integrada de bacias e adaptação climática. Seu trabalho influencia políticas públicas e orienta sistemas de gestão hídrica em diversos países, o que reforça o peso estratégico dessa colaboração com o SACRE.
Durante o encontro, os pesquisadores do instituto, os pesquisadores David Rudolph, Philippe Van Cappellen, Andrea Brookfield e Roy Brouwer, acompanharam o grupo brasileiro em atividades técnicas. Os experimentos observados estão localizados na cidade de Bauru (SP), município que atua como laboratório do projeto por ser um exemplo clássico e extremo de dificuldades hídricas. As áreas de estudo integram diferentes bacias hidrográficas na região central do Estado de São Paulo. O roteiro incluiu pontos de recarga artificial, poços de monitoramento em aquíferos contaminados, captações do Sistema Aquífero Guarani e o reservatório de abastecimento público da região.

“Essas visitas de campo são fundamentais para aproximar a ciência da realidade”, pontua Ricardo Hirata, coordenador do Projeto SACRE. “Elas permitem que equipes de diferentes países observem de perto as condições dos aquíferos e compartilhem ideias e metodologias, o que pode acelerar o avanço de soluções aplicáveis à gestão da água nas cidades”.
Além das atividades de campo, realizou-se um encontro técnico no Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc - USP), sede formal do SACRE. Ao reunir docentes, estudantes e membros do Water Institute, o objetivo foi discutir os principais desafios e oportunidades de pesquisa interdisciplinar em recursos hídricos. Além disso, o alinhamento de estratégias conjuntas para o desenvolvimento de ferramentas de suporte à decisão e para o fortalecimento institucional também foi debatido.
“A parceria com Waterloo é estratégica porque reúne diferentes modos de entender e enfrentar os desafios da água”, explica Hirata. “Cada visita e intercâmbio de estudantes amplia nossa capacidade de transformar conhecimento em ação”.
Nos últimos meses, três estudantes de doutorado e uma pós-doutoranda, vinculados ao projeto, ingressaram no Water Institute em intercâmbio, em busca de aprofundar estudos sobre temas como o fluxo de nitrato em aquíferos urbanos, a remediação de contaminantes emergentes, as desigualdades socioeconômicas no acesso à água e a modelação numérica acoplada de água superficial e subterrânea, para otimizar a gestão hídrdica de bacias hidrográficas.
“O maior ganho dessa parceria é o capital humano que estamos formando”, destaca o coordenador do SACRE. “São estudantes e pesquisadores que aprendem a trabalhar em rede, a pensar soluções que atravessam fronteiras e a aplicar o conhecimento científico de forma colaborativa. Isso garante que o impacto do SACRE vá muito além do período do projeto”.
Hirata também reflete sobre os resultados desse tipo de parceria, apontando que fomenta a criação de uma rede de confiança, de aprendizado e de impacto mútuo. Segundo ele, são colaborações como essa que tornam possível pensar em cidades mais seguras e resilientes diante das mudanças climáticas e da escassez de água. Para ambas as instituições, a intenção é intensificar a parceria nos próximos anos, por meio de novas missões técnicas, intercâmbios e ações de comunicação científica entre as equipes.




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