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Desafios invisíveis do subsolo

  • Foto do escritor: SACRE
    SACRE
  • 14 de nov.
  • 3 min de leitura

Em Waterloo, pesquisadora do SACRE investiga como o esgoto contamina as águas subterrâneas e transforma seu olhar sobre a ciência


Isabela Batistella


Fernanda Barreto em seu intercâmbio na Universidade de Waterloo (Fonte: Fernanda Barreto)
Fernanda Barreto em seu intercâmbio na Universidade de Waterloo (Fonte: Fernanda Barreto)

As folhas do outono canadense transformam o cenário da Universidade de Waterloo. Entre um laboratório e outro, a pesquisadora do Projeto SACRE Fernanda Barreto observa como a mudança de estação também se reflete em sua própria trajetória. “A ciência ultrapassa fronteiras”, escreve em suas reflexões sobre seu intercâmbio. E é isso que vive na prática: um trabalho que atravessa países, idiomas e camadas de solo para compreender um problema invisível, mas urgente – a contaminação por esgoto em aquíferos urbanos. “Cada aprendizado aqui em Waterloo é mais um passo para avançarmos na missão do Projeto SACRE, que busca desenvolver soluções integradas para tornar nossas cidades mais resilientes e sustentáveis”, diz Barreto. 

O foco de seu trabalho é entender de onde vem a contaminação e como ela se transforma no ambiente subterrâneo. Para isso, utiliza isótopos, que são átomos do mesmo elemento químico, que possuem o mesmo número de prótons e números diferentes de nêutrons.  No caso de sua pesquisa, os elementos analisados são o nitrogênio e o oxigênio em nitrato, um contaminante derivado do nitrogênio e comum nos rejeitos de esgoto.  

Esses elementos funcionam como ferramentas que ajudam a identificar as características da fonte de contaminação e os processos de degradação que ocorrem no subsolo. “Os isótopos funcionam como impressões digitais”, explica Barreto. “Eles nos ajudam a rastrear de onde vem o nitrato e como ele se comporta no ambiente subterrâneo.” 


Fonte: Fernanda Barreto
Fonte: Fernanda Barreto

Para ela, esse tipo de desafio é um dos mais discretos e graves da vida nas cidades. Para entender como esse processo acontece e quais caminhos o poluente percorre no subsolo, a pesquisadora desenvolve parte de sua pesquisa no Canadá, em uma instituição que está entre as maiores referências mundiais em estudos sobre recursos hídricos, com um instituto dedicado às águas e pesquisas de alto impacto reconhecidas mundialmente.

Na Universidade de Waterloo, Barreto tem acesso a laboratórios especializados e metodologias que fortalecem sua pesquisa. Para além disso, se beneficia de um ambiente de intensa troca de conhecimento. “Aqui posso discutir métodos, resultados e interpretações com profissionais de diferentes áreas e de diversos lugares do mundo”, reflete a pesquisadora. “Essas conversas ampliam minha visão e tornam o estudo mais completo”. Essa combinação de técnica e diversidade dá forma a uma ciência que sai dos tubos de ensaio dos laboratórios e se conecta com o urbano, o social e o ambiental. 

“O estudo não é só sobre contaminação em aquíferos. Envolve olhar para o sistema como um todo, conectando aspectos ambientais, sociais e tecnológicos”, aponta, ao ampliar o foco e compreender os recursos hídricos como parte da forma como vivemos, consumimos e depositamos. 

Fernanda reconhece que o projeto só é possível graças à internacionalização, com apoio da Bolsa de Estágio de Pesquisa no Exterior (BEPE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Para ela, esses investimentos em educação e ciência representam um ganho significativo para a sociedade. Em suas reflexões, a pesquisadora do SACRE destaca como a internacionalização contribui para o avanço do conhecimento e criação de soluções inovadoras para os desafios em gerenciamento de recursos hídricos e áreas contaminadas.



 
 
 

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FAPESP Processos 2020/15434-0 e 2022/00652-7, CNPq 423950/2021-5

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