top of page
Buscar

Microalgas promovem economia circular no tratamento de esgoto

  • tatianamassaro8
  • 3 de jul.
  • 2 min de leitura

Especialista defende soluções baseadas na natureza para melhoria do saneamento e qualidade da água nas cidades

Isabela Batistella


Professora Graziele Ruas durante o Seminário Internacional da Semana Internacional Paulista de Águas Subterrâneas (SIPAS). Foto: Isabela Batistella.
Professora Graziele Ruas durante o Seminário Internacional da Semana Internacional Paulista de Águas Subterrâneas (SIPAS). Foto: Isabela Batistella.

Na busca por alternativas sustentáveis para o tratamento de esgoto e a segurança hídrica, as microalgas têm emergido como uma solução promissora. A professora Graziele Ruas Lagoas da Silva, engenheira ambiental e docente da Universidade Estadual Paulista (Unesp), defende o uso dessas tecnologias inspiradas na natureza como forma de integrar eficiência, sustentabilidade e inovação na gestão de recursos hídricos, especialmente em contextos urbanos e em pequenas comunidades.


“Os sistemas baseados em microalgas permitem recuperar recursos do esgoto, como água e nutrientes, e ainda contribuem para a redução de gases de efeito estufa”, explica a pesquisadora, que também atua como coordenadora da Regional Sudeste da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRHidro).


Segundo Graziele, o conceito de soluções baseadas na natureza parte da observação dos processos ecológicos. “A engenharia ecológica busca copiar o que os sistemas naturais já fazem há milênios”, afirma. As microalgas, por exemplo, reproduzem um processo já observado em lagos e reservatórios naturais, sendo adaptado para tratar efluentes desde meados do século 20.


Essa abordagem não apenas garante a purificação da água, como também permite a captura de carbono da atmosfera, o aproveitamento da biomassa como fertilizante e até a purificação do ar em grandes centros urbanos. “É uma tecnologia que fecha ciclos e promove a economia circular”, destaca.


Para garantir a chamada segurança hídrica — ou seja, a disponibilidade de água em quantidade e qualidade suficientes —, os sistemas com microalgas são altamente eficazes. Eles conseguem remover não apenas nutrientes e matéria orgânica, mas também os chamados “poluentes emergentes”, como resíduos de medicamentos e hormônios.


“Essas tecnologias são especialmente relevantes diante dos desafios crescentes da urbanização e da poluição das águas. Elas oferecem uma resposta inovadora e sustentável”, pontua a professora.


Apesar do potencial, Graziele reconhece que ainda há barreiras para a adoção em larga escala no Brasil. A principal delas é a ausência de normas técnicas específicas. “Para que engenheiros e gestores públicos se sintam seguros em adotar essas soluções, é fundamental que existam normas da ABNT que regulamentem o uso”, explica.


Além disso, ela enfatiza a importância da formação e capacitação dos profissionais. A publicação de livros técnicos, a realização de eventos como o SIPAS (Semana Internacional Paulista de Águas Subterrâneas), e o fortalecimento da comunicação científica são estratégias centrais para popularizar e viabilizar o uso das microalgas.


“É preciso traduzir a linguagem técnica para que os tomadores de decisão, a comunidade e os profissionais compreendam os benefícios dessas soluções. Só assim poderemos caminhar para um saneamento verdadeiramente sustentável”, conclui.


 
 
 

Commentaires


Logo-Sigla.png

FAPESP Processos 2020/15434-0 e 2022/00652-7, CNPq 423950/2021-5

bottom of page